sexta-feira, 15 de maio de 2009

Não se despede.
Desliga.
Cresce a noite, um frio intenso na carne.
Tenta dormir, não consegue, pensa.
Pensa em esquecer de pensar
Pensa que está lembrando só de pensar no esquecer do pensar.
Corre para a porta dele, corre para desatrofiar os músculos enrijecidos pelo frio, presta atenção nos passos e gosta de acelerar.
-
E ao meio da escuridão
um barulho veio quebrar o silêncio da deliciosa monotonia dos seus dias de noite.
É ela.
Abre a porta, com o coração ofegante, o peito cansado, encontra o dele, frio, xadrez.
Na palidez dos mortos, alguma coisa irradia.

Posso ficar aqui?
A noite está tão fria.

Senta-se ao lado dele.
Os dois olham pra frente;
o cruzar do olhar sai faíscas de vergonha e alegria.
Docemente, pega um cigarro, olha pra ela, sorri e diz
-Ainda bem que chegou agora, tinha acabado o fogo, não tinha pra acender cigarros, produzir luzes e aquecer, estava me acostumando com o frio;

Ela lhe devolve o olhar,
o riso, e o fogo.

Um comentário:

  1. 'na palidez dos mortos, alguma coisa irradia'

    puta merda... eu gostei demais dessa...

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